Victoria Haus: Orgulho de ser de Brasília
"A Casa de Brasília". Esse é a frase que acompanha o nome Victoria Haus, ou apenas Vic, como é chamada carinhosamente pelo público do Distrito Federal. Com o tempo o slogan foi adaptado para "Sua Casa em Brasília".
A marca se tornou um dos principais agentes culturais LGBTQIAP+ do país e resiste, mesmo com as dificuldades. A pandemia da COVID-19 sem dúvidas foi o maior desafio.
A Victoria Haus inaugurou em novembro de 2011 e desde então passou por muitas fases, fez eventos dentro e fora da boate, como o Estádio Nacional, e lançou a primeira micarê LGBT do Brasil.
Referência nacional
Anitta, Ludmilla, Pabllo Vittar, Gloria Groove, Iza, Luisa Sonza. O que todas tem em comum além de dominarem as paradas musicais e serem ícones LGBT do pop brasileiro com projeção internacional? Todas fizeram seus primeiros shows em Brasília na Victoria Haus quando ainda estavam no começo de suas carreiras.
Além disso, o trabalho das drags queens locais e artistas variados na Vic foi reconhecido até mesmo por estrelas internacionais que nunca estiveram na boate, como Madonna, Lady Gaga e Kylie Minogue, que através das redes sociais conheceram e elogiaram a criatividade da equipe da casa.
Potência da diversidade
A Vic é uma importante peça na engrenagem do entretenimento especializado no segmento LGBTQIA+ da região Centro-Oeste que desde o início gerou trabalho para artistas em começo de carreira e também para pessoas LGBTQIAP+ em áreas administrativas e operacionais como caixas, bares e segurança.
Um dos diferenciais da boate ao longo de 10 anos: a Vic se tornou sinônimo de espaço de harmonia, pluralidade de estilos em boa convivência, local democrático e de acolhimento, lugar de gente que se respeita.
Tanto nos palcos quanto nos demais espaços da casa, a Victoria Haus é mesmo um lugar de mistura de tribos, nichos, grupos e subgrupos. É local para descobertas e expressão da individualidade. Uma casa em que todas e todos são livres para ser o que são.
Celeiro de talentos
Por vocação a Victoria Haus é um dos mais importantes palcos da diversidade do Distrito Federal. Vários DJs e drag queens de Brasília que hoje são reconhecidos e viajam o Brasil e o mundo também começaram na Victoria Haus.
Nesses 10 anos, muitas pessoas também tiveram seu primeiro emprego ou experiência profissional com eventos na Vic.
Respeito à pandemia
Desde que começaram as restrições sanitárias da pandemia, em março de 2020, e durante todo o período, a Victoria Haus se manteve fechada.
A Vic foi a primeira casa noturna da cidade a cancelar sua agenda e fechar as portas para o público. As luzes se apagaram e o show não teve como continuar. Com os eventos proibidos, a direção da casa não arriscou nem improvisou formatos de abertura para burlar as regras das autoridades de saúde.
Mesmo sem estar aberta, a Vic mobilizou artistas de forma voluntária e promoveu lives transmitidas pelo YouTube com o objetivo de manter nossa comunidade unida e arrecadar doações para instituições que assistem pessoas trans em situação de vulnerabilidade. Nada do que foi arrecadado ficou com a boate, nem mesmo os custos. Todas as pessoas trabalharam voluntariamente em prol da causa.
Até que houvesse condições seguras para o público e as equipes de trabalho, o negócio foi totalmente suspenso. Essa interrupção se manteve por mais de dois anos.
Um novo começo
O prédio que aparentemente estava abandonado e sem manutenção por falta de uso, foi vandalizado e sofreu com as intempéries, fortes chuvas e também com a ação do tempo no período da seca. Por muito pouco a Victoria Haus não ficou apenas na memória de Brasília, como diversos locais de lazer que foram fechados no DF.
A retomada não pode ser considerada uma volta, mas um novo começo. Nossa comunidade terá participação fundamental nesta fase. A Vic é de Brasília e seu retorno vai mobilizar artistas, produtores e milhares de pessoas LGBTQIAP+ que voltarão a ter sua "casa em Brasília" e eventos assinados pela boate também fora da Victoria Haus em outros espaços públicos.
Nas redes sociais
De forma espontânea e totalmente orgânica, os antigos frequentadores da Victoria Haus mantiveram a memória da casa nas redes sociais. No período da pandemia, foram milhares de postagens de TBT e diversas correntes que viralizaram com pedidos de retorno da Casa de Brasília no Instagram, Twitter e Facebook.
A mobilização de parte do público que já frequentou o espaço também ganhou força com a adesão de muitos jovens LGBTQIAP+ que fizeram 18 anos após o início da pandemia e que, portanto, nem chegaram a viver uma experiência na Vic.
Primeira micarê LGBT do Brasil
Um dos eventos mais aguardados do ano pelo público de Brasília é a Micarê da Farra produzida pela Victoria Haus em espaços externos. Foram quatro edições até 2019, sendo três no Estacionamento do Ginásio Nilson Nelson e uma no Estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha. Vale destacar que o evento é a primeira micarê LGBT do Brasil.
Na Micarê da Farra, a festa acontece do fim da tarde até a noite e se tornou uma das festividades assinadas pela Vic mais importantes e que atrai grande quantidade de turistas LGBTQIA+ a Brasília.
Na programação, se apresentam artistas nacionais de grande projeção, como Pabllo Vittar, Gloria Groove e Luisa Sonza. Como sempre faz, a Vic dá visibilidade para artistas locais que se apresentam antes e depois da atração principal. Assim, valoriza os talentos de nossa região e projeta novos nomes ao grande público.